17 KINEMA | FILME REVÊ A HISTÓRIA DA SHINDO RENMEI

Tokuchi Hidaka, protagonista de Yami no ichinichi. Foto: divulgação.

A Shindo Renmei, mais famosa organização nacionalista japonesa ativa no pós-guerra, no Brasil, mais uma vez é tema de um filme. No documentário   Yami no Ichinichi (Um dia de trevas) – O Crime que abalou a Colônia Japonesa no Brasil, o  cineasta  Mario Jun Okuhara propõe uma revisão da história da Liga do Caminho dos Súditos . O filme  traz o depoimento de Tokuichi Hidaka, que, em 1946, aos 19 anos de idade, foi um dos autores do assassinato do coronel Jinsaku Wakiyama, em crime atribuído à organização ultranacionalista Shindo Renmei.

Depois de cometer o crime, com mais três amigos, Hidaka entregou-se à polícia e cumpriu 15 anos de prisão.   Quando saiu, foi discriminado pela comunidade nipo-brasileira. O documentário é a oportunidade de Hidaka contar a sua versão da história.  Ele volta à Ilha de Anchieta para gravar cenas e relembrar  suas memórias. O filme traz também depoimentos de  integrantes da família Wakiyama, de historiadores e políticos, e  uma conversa do escritor Fernando Morais, autor do livro Corações Sujos,  com a historiadora Célia Oi.

Fora os testemunhos  de Hidaka e da família Wakyama, os depoimentos  de historiadores e jornalistas reforçam a pressão em que viveu a comunidade nipo-brasileiros entre os anos 1935 e 1945, e também no pós-guerra.

Presídio da llha de Anchieta, a 240 Km de São Paulo, desativado em 1952. Foto: divulgação.

Devido ao apoio aos países aliados, durante a década da Era Vargas, os imigrantes japoneses, alemães e italianos  estabelecidos no país  foram  considerados inimigos. As várias restrições impostas, como a proibição do uso da língua japonesa, a circulação de jornais e transmissão de rádio e as reuniões públicas, isolaram a comunidade.  Esse contexto de dificuldade em receber informações sobre o Japão foi ideal para o surgimento de facções nacionalistas.  As seitas manipulavam  informações, chegando a forjar documentos e jornais, afirmando que o Japão havia ganho a guerra.  A comunidade dividiu-se entre  derrotistas (makigumi) e vitoristas (kachigumi) e a oposição começou a desencadear tumultos internos, com uma série de assassinatos.

O documentário levou 11 anos para ser finalizado. O interesse pelo tema começou em 1997, com estudos de Okuhara com o professor Michiro Motoda e acentuou-se com o lançamento do livro de  Fernando Morais , em 2000.  O cineasta  quis tomar partido , embora o documentário seja dominado pelo ponto de vista de Hidaka.

Okuhara é repórter e produtor, iniciou sua carreira em documentários no Programa Imagens do Japão no ano de 1997, com temas culturais. “Uma vida pelo Beisebol”, “Batyan” e “Shamisen para Sempre” são títulos de documentários exibidos na TV brasileira.

Idealizador do Projeto ABRANGÊNCIAS para discussão sobre Representatividade, Participação Política, Direito à Verdade e à Memória, Okuhara dedicou 12 anos de pesquisa para resgatar os episódios do conflito vitorista-derrrotista no pós-guerra e sobre a brutal repressão contra japoneses e descendentes na ditadura do presidente Getúlio Vargas.

O documentário pode ser assistido  aqui.

obisponegro

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